No Coletivo da Juventude, presidente da CUT conclama militância para ocupar às ruas, garantindo que sejam respeitados os interesses do povo e a soberania nacional
William Pedreira
Começou na tarde desta segunda-feira (13) a reunião do Coletivo Nacional de Juventude da CUT que acontece no Hotel Braston, centro da capital paulista. O primeiro debate contou com a presença do presidente da CUT, Artur Henrique, que fez uma apresentação da conjuntura política atual.
A CUT, conforme lembrou Artur, enumerou algumas prioridades para o próximo período, como a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução dos salários, fim do fator previdenciário, fim do imposto sindical que dialogam com pautas mais abrangentes como a reforma tributária, reforma política e disputa de modelo desenvolvimento.
Com base nestas proposições, destaca Artur, muitos são os desafios que se colocam para a classe trabalhadora e para a juventude brasileira, visto que o cenário hoje é de intensa disputa de projetos.
Nos últimos oito anos, durante o governo Lula, avanços foram conquistados, mas para Artur, o momento agora é de ousadia e reflexão dos desafios, aprofundando as mudanças e buscando a implementação de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda.
Neste sentido, a CUT chamou para 6 de julho um Dia Nacional de Mobilização, atividade esta que será realizada em conjunto com entidades dos movimentos sociais como MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), CMP (Central de Movimentos Populares) e Marcha das Mulheres, entre outros movimentos que compõem a Coordenação dos Movimentos Sociais.
As propostas construídas conjuntamente serão levadas à sociedade neste ato nacional e estão dividas em três eixos, conforme explicou o presidente da CUT. “Com autonomia e independência, vamos às ruas para garantir que sejam respeitados os interesses do povo brasileiro, que não pode ser penalizado pela agenda recessiva. Por isso, dividimos nossas propostas em três eixos prioritários que envolvem a Educação, por um Plano Nacional de Educação que traga mudanças concretas para a sociedade brasileira. Outro eixo é aquele que engloba a alimentação, ressaltando a importância da reforma agrária, fim da concentração de terras, luta contra os agrotóxicos e a ampliação dos recursos para a agricultura familiar e as questões trabalhistas e sindicais, composta pela luta da redução da jornada, por liberdade e autonomia sindical, combate às práticas antissindicais, à precarização e à terceirização.”
Ousadia e o processo de mobilização contínuo serão, segundo Artur, fatores de extrema importância, haja visto as grandes dificuldades enfrentadas para implementar a agenda positiva da sociedade brasileira. Exemplo pode ser vivenciado num capítulo muito recente: a votação do Código Florestal. A Câmara dos Deputados irrisoriamente curvou-se aos interesses do agronegócio e aprovou mudanças estruturais no Código Florestal, anistiando desmatadores e delegando autoridade a prefeituras e estados para decidir sobre o tema ambiental, pontos desde sempre criticados pelos movimentos sociais.
“Não podemos aceitar que interesses de pequenos grupos prevaleçam diante da soberania nacional. Outras pautas importantes para a classe trabalhadora serão alvos de intensa disputa como as reformas tributária e política e a questão da privatização dos aeroportos, só para enumerar algumas. Por isso, é essencial aproveitar o momento para a disputa do tema junto à população, massificando as informações na base sindical e na sociedade”, conclama Artur.
Ele falou também sobre as propostas da CUT no que tange à reforma política e a reforma tributária. Em Seminário realizado no dia 19 de maio, a CUT tirou suas proposições para a reforma do sistema político, que segundo Artur, envolve o fortalecimento da democracia direta, garantindo instrumentos de participação dos trabalhadores.
Entre os pontos de destaqueestão: financiamento público exclusivo para campanhas e a criação de mecanismos para eliminar o abuso do poder econômico; mecanismos de participação e controle social; debate sobre o sistema eleitoral; orçamento público participativo; relações democráticas de trabalho; voto em lista com alternância e proporcionalidade de gênero - definidas em convenções partidárias e explicitação de critérios; fidelidade partidária e programática.
Já a reforma do atual sistema tributário, que é injusto e regressivo, envolve a defesa da progressividade da tabela do imposto de renda; elevação do peso dos tributos diretos sobre renda e patrimônio; regulamentação do imposto sobre grandes fortunas e heranças; a desoneração do investimento no setor produtivo com garantia de contrapartidas à Previdência Social e a geração de emprego e renda.
“Sem reforma tributária continuaremos batendo recordes de geração de emprego, mas continuaremos tendo como empecilho a alta rotatividade. Outra injustiça é questão do primeiro emprego. Como que o jovem terá uma oportunidade, se o primeiro requisito imposto pelos empresários é a experiência? Por isso, precisamos estabelecer como contrapartida aos empréstimos e financiamentos do FAT, FI-FGTS E BNDES, uma clausula que obrigue as empresas contratar jovens, para que no mínimo se tenha experiência”, reivindica Artur.
A primeira mesa de debate foi mediada pela secretária nacional de Juventude da CUT, Rosana Sousa e contou com a participação do secretário Nacional de Juventude do PT, Valdemir Pascoal.
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