O governador é um dos sete filhos de um dos líderes da redemocratização brasileira, o senador Teotônio Vilela, morto em 1983. Vilela chegou a trabalhar na Seresta, antes de se eleger senador, em 1986.
No site da empresa, a usina diz ser "autossuficiente em energia elétrica e vem investindo neste setor para suprir as necessidades dos projetos de irrigação e exportação". Porém, na lista da Eletrobras, os técnicos dizem que a usina não pagou 1.914 faturas e o débito alcança a exata cifra milionária de R$ 30.580.968,36.
No quarto lugar da lista está a Triunfo Agro-Indústria, pertencente ao cunhado do governador, o ex-senador João Tenório, ainda filiado ao PSDB. A dívida é R$ 18,9 milhões. A Triunfo também está pendurada por uma liminar na Justiça, impedindo o corte.
"Teremos uma reunião com a Eletrobrás para tratar deste débito. Não estamos autorizados a falar detalhes sobre isso. Mas, levamos em conta que a Eletrobrás tem um crédito conosco e estamos fazendo estes cálculos", disse o engenheiro eletricista da Triunfo Wilson Ciríaco.
Segundo a Eletrobras, o crédito se refere a aumentos de energia, dados pelo governo federal, entre fevereiro e novembro de 1986 - que teria causado prejuízo aos industriais. "Essa questão está pacificada nos tribunais superiores. Reconhecemos o crédito de nove meses e as usinas que quiserem negociar terão este crédito, isenção de 50% dos juros e das multas e parcelamento em 120 meses. É a última chance. Quem não negociar, terá energia cortada", disse a empresa.
Dívida que cresce
O segundo lugar na lista de devedores da Eletrobrás é ocupado pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), a estatal federal disputada por todos os caciques da política do Nordeste por causa de seu orçamento bilionário. São R$ 22 milhões em dívidas elétricas.
Não é a única estatal federal a dar calote na Eletrobras. A Fundação Nacional do Índio (Funai) tem uma dívida de R$ 5 milhões. Segundo a Eletrobrás, os 100 maiores devedores de energia de Alagoas têm um débito de R$ 265,3 milhões. A maioria deles é usinas e prefeituras.
Após três apagões, a crise no setor elétrico entrou em pauta na Assembleia Legislativa: virou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O presidente da comissão, deputado Ronaldo Medeiros (PT), chamou a Eletrobras para se explicar. Alagoas perde 30% de sua energia elétrica, a maior parte usinas e prefeituras que se recusam a pagar a dívida. "Como os números e as empresas envolvidas não podem ser divulgados, não podemos dar detalhes sobre as ações da CPI. Mas, teremos uma definição em breve", disse Medeiros.
Por e-mail, a estatal disse que o débito milionário "cria uma grande dificuldade no fluxo de caixa da distribuidora". Para a cobrança, apela para a Justiça e colo os clientes na lista suja dos serviços de proteção ao crédito no País - como SPC, Serasa e Cadin. "Na maioria são decorrentes de liminares judiciais que impedem o corte", explica a estatal.
É o caso da prefeitura de Limoeiro de Anadia, no agreste de Alagoas, que deve 5.478 faturas. São R$ 2,8 milhões em dívidas. A prefeitura de Campo Alegre deve 3.178 faturas, R$ 2,2 milhões. Até a Assembleia Legislativa teve a energia cortada este ano por falta de pagamento. Segundo a lista da Eletrobras, a Assembleia deve sete faturas, ou R$ 317.610,18.
Desde o dia 13 de dezembro, os técnicos da estatal receberam ordens para cortar a energia de 21 prefeituras, que devem R$ 27 milhões. Pressionados, os prefeitos negociam a dívida e evitaram, mais uma vez, a ação dos alicates. "A maioria já efetuou a negociação do débito por meio de parcelamento", disse a estatal.
Os 10 maiores devedores de Alagoas
Usinas Reunidas Seresta - R$ 30,5 milhões
Codevasf - R$ 22 milhões
Usinas Cansanção do Sunimbu - R$ 20,7 milhões
Triunfo Agroindústria - R$ 18,9 milhões
Companhia Açucareira Central Sumaúma - R$ 14,8 milhões
S.A Leão Irmãos Açúcar e Álcool - R$ 11,9 milhões
Fábrica Carmem - R$ 10,2 milhões
Hospital do Açúcar - R$ 9,5 milhões
Penedo Agroindústria S.A (Grupo Toledo) - R$ 8,5 milhões
Companhia Açúcar Usina Capricho- R$ 8,2 milhões
Nenhum comentário:
Postar um comentário