quarta-feira, 31 de agosto de 2011

2º FESTIVAL LATINO-AMERICANO DAS JUVENTUDES EM FORTALEZA

O CANTO DE UM NOVO MUNDO

O mundo contemporâneo nos impede, muitas vezes, de refletir, de ponderar e de agir conscientemente. Ficamos concentrados em problemas individuais, como a busca por emprego e formação, e deixamos de lado o potencial que temos de transformar a ordem e a realidade cotidiana.


Nas palavras de Che Guevara, “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição biológica”. Somos questionadores e transformadores, com uma significativa diversidade, por isso os espaços de discussão e organização, como o Festival, são importantes para construirmos um horizonte comum, um sonho coletivo. Para ser coletivo, João Cabral de Melo Neto nos explica:

    “Um galo sozinho não tece a manhã:
    ele precisará sempre de outros galos.
    De um que apanhe esse grito que ele
    e o lance a outro: de outro galo
    que apanhe o grito que um galo antes
    e o lance a outro; e de outros galos
    que com muitos outros galos se cruzam
    os fios de sol de seus gritos de galo
    para que a manhã, desde uma tela tênue,
    se vá tecendo, entre todos os galos.
    E se encorpando em tela, entre todos,
    se erguendo tenda, onde entrem todos,
    se entretendendo para todos, no toldo
    (a manhã) que plana livre de armação.
    A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
    que, tecido, se eleva por si: luz balão”.
    (Tecendo a Manhã – João Cabral de Melo Neto)

Com esse pensamento começamos a pensar o tema do II Festival. Não por acaso este evento se tornou o nosso lugar de encontro. Nosso canto.     Assim surge o tema “O Canto de um novo mundo”.
A palavra “canto” significa música, expressão de vontades, anseios, ideias. Mas também pode lembrar canto significando lugar, espaço, momento. O Canto onde é possível cantar, um lugar que ao invés de ter silêncio dos dias atuais, do capital que espolia os povos e coíbe a nossa capacidade inventiva, prevalecerá o canto das juventudes.
E isso está casado com o debate de construção e consolidação dos direitos das juventudes. O Festival é para ser um ambiente de criação, reflexão, experimentação e produção coletiva. Um lugar capaz de nos mobilizar para a construção de alternativas baseadas em valores democráticos, solidários e multiplicadores de novas formas de vida econômica e social eco-sustentável.
Por isso, nos identificamos com os galos, que gritam juntos. E nós, com todas as forças que vêm das nossas utopias, cantamos. Cantamos porque o grito só não basta:

    “cantamos porque o grito só não basta
    e já não basta o pranto nem a raiva
    cantamos porque cremos nessa gente
    e porque venceremos a derrota
    cantamos porque o sol nos reconhece
    e porque o campo cheira a primavera
    e porque nesse talo e lá no fruto
    cada pergunta tem a sua resposta”
    (Porque Cantamos – Mário Benedetti).

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